Prefeitura de Limeira quer alunos em creche precária
quarta-feira, 17 de agosto de 2011Pais de alunos do Centro Infantil “Ary Cason”, no Jardim São João, iniciaram mais uma batalha contra a imposição da Prefeitura da cidade Limeira, que quer reabrir a creche que desmoronou no início deste ano sem ter concluído as obras. A “pressão” da Secretaria da Educação teria sido motivada por vários fatores – entre eles, o fato de as crianças estarem estudando provisoriamente no salão de uma igreja desde janeiro.
Segundo o pai de um aluno, Paulo Roberto, a diretora da creche se reunirá hoje com os pais para definir a data de reabertura da escola. “Eles estão dizendo que a obra acabou e que as crianças têm que voltar para a escola. Falta, porém, pintar a escola. Como a secretaria não tem funcionários para fazer o serviço, os pais farão um mutirão para entregar a escola”, declarou.
A avó de outro aluno, Fátima Sapata, conversou ontem com a diretora da escola, que indicou a pretensão da prefeitura em reabrir a creche ainda neste mês. “Eles querem entregar o prédio como está. A ordem é mudar rapidamente, pois, em setembro, a igreja vai precisar do salão. A diretora só está esperando o aval do secretário Montesano (Educação)”, falou.
Para os pais dos alunos, a prefeitura colocará novamente os alunos em risco – como ocorreu no início do ano, quando a área de lazer, construída há menos de um ano, desmoronou e a creche teve que ser interditada. “Não podemos aceitar que a creche seja reaberta se não foi feita nenhuma obra de melhoria no local. E as crianças vão ficar sem uma área de lazer, pois não foi construída uma nova”, relatou Fátima.
MEDIDAS PALIATIVAS
O Jornal de Limeira visitou ontem a creche, localizada no Jardim São João, e observou que todos os escombros foram retirados e um caminhão fez a terraplenagem para diminuir a erosão no terreno. No entanto, a área está totalmente aberta, sem qualquer proteção – como muros ou grades. O acesso à escola continua livre e os brinquedos estão isolados em uma área que não é apropriada ao lazer das crianças. A quadra, que desmoronou após menos de um ano de sua inauguração, não foi reconstruída. Portanto, a escola não conta mais com uma área para prática de esportes e lazer. “E o dinheiro gasto na construção? Desmoronou e só agora eles viram que ali é uma área perigosa, com nascentes, e que não poderia abrigar uma escola? Eles, porém, vão insistir em manter as crianças no local”, falou Fátima.
Para o vereador Paulo Hadich (PSB), que foi procurado pelas mães quando a creche desmoronou, é inadequado manter crianças de 0 a 3 anos em um local que não possui segurança. “O ideal seria levar essas crianças para uma nova creche, e não trazê-las de volta”, declarou.
O MP (Ministério Público) de Limeira abriu um inquérito civil para investigar as denúncias de irregularidades feitas pelos pais. O JL não conseguiu contato ontem com o promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua para saber como está o andamento da investigação.
TRANSFERIDOS
A prefeitura confirmou, por meio da Secretaria de Comunicações, que hoje está prevista uma reunião com os responsáveis pela obra da creche e também representantes da Secretaria da Educação para definir sobre a retomada das atividades da creche.
Os 170 alunos da “Ary Cason” não estão tendo aulas regularmente na creche desde 2007, quando eles precisaram ser transferidos para as dependências da Igreja Quadrangular para a construção da quadra, que acabou desmoronando. No início deste ano, eles foram novamente levados para as dependências da Igreja Quadrangular, no Jardim do Lago, onde atualmente a creche funciona.
Fonte: Jornal de Limeira
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