Crianças e adolescentes ‘assumem’ tráfico em Limeira
quinta-feira, 1 de setembro de 2011Os traficantes não arrebanham somente os adolescentes. As crianças também passaram a ser alvos deles. “São usadas pelos adultos. É uma forma de os traficantes se safarem da prisão”, comenta o delegado seccional da cidade Limeira, José Henrique Ventura. De janeiro a 30 de agosto deste ano, 149 menores de idade se envolveram em ocorrências de tráfico de drogas. O número representa um terço dos registros feitos pela Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes). No período, foram elaboradas 449 ocorrências de tráfico pela unidade policial.
Ventura, porém, acredita que o envolvimento de adolescentes é bem maior. Até porque os dados apontam apenas o trabalho realizado pela Dise. “Os menores são usados porque neste tipo de delito acaba resultando em nada mais grave”, observa. Isto em partes. Em Limeira, a Justiça tem determinado o recolhimento dos menores. Primeiro, ficam até cinco dias custodiados. “Aí, o juiz decide se vão para a Fundação Casa ou se são entregues aos pais para aplicação de medidas socioeducativas. Outras cidades, por exemplo, não recolhem o infrator. E até por isso o envolvimento de adolescentes é grande”, cita.
O delegado revela ainda uma questão mais preocupante. É a participação de crianças (menos de 12 anos) no tráfico de drogas. “Neste caso, não cabe nenhuma medida punitiva. O traficante arrebanha o menor. Ele se vicia e depois ‘trabalha’ em troca da droga”, comenta.
ATIVIDADES
Para Ventura, duas questões devem ser revistas. Uma delas é o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). “Quem sabe estabelecer punições até mesmo para os pais”, fala. A outra situação é garantir a oferta de vagas em creches, escolas e desenvolver atividades – culturais, esportivas e profissionalizantes. “Existe a necessidade de preencher o tempo vazio de crianças e adolescentes”, diz.
De acordo com informações da Dise, os adolescentes envolvidos nas ocorrências deste ano têm, em média, 15 anos. E mais. Foram apreendidos com cocaína e crack nas regiões do Belinha Ometto, Olga Veroni, Lagoa Nova, Odécio Degan, Cecap e Jardim Alvorada.
Fonte: Jornal de Limeira