Desaparecimentos aumentam 40% em Limeira
quarta-feira, 11 de abril de 2012O crescimento do consumo de drogas é apontado pela Polícia Civil como o principal motivo para o aumento do número de pessoas desaparecidas em 2012. No primeiro trimestre deste ano, foram 56 casos, contra 40 durante o mesmo período do ano anterior – o que corresponde a uma alta 40% nesse tipo de ocorrência. O aumento já havia sido verificado em 2011 – foram 203 situações registradas, contra 162 em 2010, aumento de 25%.
O delegado José Henrique Ventura diz que a tendência vem pela observação dos policiais, já que pelos registros é impossível realizar a triagem dos casos por assunto. No plantão e nas unidades policiais, no entanto, os relatos dos familiares são cada vez mais direcionados a este aspecto. “O sujeito acaba vencido pelas drogas e abandona a casa”, comenta Ventura.
Um fator dificulta em muito a organização dos dados – os familiares não voltam a delegacia em caso de reaparecimento. “O resultado é que não temos qualquer informação sobre o caso. Quando a pessoa some, não há nada. Quando ela volta, a família não nos transmite o que ocorreu de fato”, afirma o seccional.
Ele alerta que a falta de comunicação sobre o reaparecimento pode trazer transtornos, pois se a pessoa ateriormente declarada como desaparecida é abordada pela polícia, acaba sendo levada a uma unidade policial para a regularização da situação. “Traz transtorno, para a pessoa e para os policiais”, diz. Ele pede à população que esgote todas as possibilidades de paradeiro do desaparecido, antes de comunicar à polícia. “Consulte amigos, refaça o itinerário da pessoa. Uma comunicação de desaparecimento sem informações acaba ficando quase inútil”, aponta.
A dona de casa L.R. foi comunicar o sumiço da sua neta Amanda, no dia 6 de março deste ano. Pouco tempo depois, descobriu que ela e uma amiga saíram da cidade, em busca de aventuras. “Na hora, a gente fica desesperada”, comentou a mulher, em mais um caso onde a polícia nada pôde fazer.
GRAVES
Mas há também os casos graves, como o do aposentado João Buhl, que mobilizou toda a cidade em 6 de agosto de 2008. Buhl tinha um quadro de depressão, e tomava remédios controlados. Sua família passou três anos procurando, até encontrar sua ossada em um terreno baldio. O crânio havia sido levado ao 36º Batalhão da Polícia Militar por um andarilho.
A esposa Cleusa Buhl relata a busca pelo aposentado. “Foram três anos de sofrimento, numa procura que começou nos hospitais e acabou em um terreno baldio. Não desejo isto para ninguém, pois ter alguém desaparecido é pior que ter alguém morto na família”, conta a viúva.
O delegado seccional diz que o aumento de casos dificulta o trabalho da polícia. “Infelizmente, temos de reconhecer que o aumento reflete muito situações de jovens que não voltam da balada, usuários de drogas e idosos sem assistência. Casos onde a polícia pouco pode fazer, e que acabam atrapalhando a procura de pessoas como o João Buhl, por exemplo”, finalizou Ventura.
Fonte: Jornal de Limeira