Limeira: Operação ‘limpa’ área no Belinha Ometto
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012Enquanto o país assiste à intervenção da prefeitura e do governo do Estado na Cracolândia de São Paulo, uma operação realizada em guia de Limeira, ontem, teve o sentido duplo de preservação ambiental e também estimular a saída de usuários de drogas de uma grande área verde do bairro Belinha Ometto.
A ação foi realizada em conjunto pela Secretaria do Meio Ambiente, Ceprosom, Guarda Municipal e Defesa Civil. Tratores destruíram seis barracos construídos no terreno por usuários de drogas, cortaram o mato e retiraram o entulho. A limpeza acabou com os esconderijos que eram utilizados pelos viciados.
O terreno – uma grande área verde no final da rua Virgílio Bassinello – fica ao lado de um ecoponto da prefeitura. Já é chamado pelos moradores de ‘Cracolândia’, referência à área em São Paulo. No Belinha Ometto, o terreno é tão grande que ainda era possível observar usuários acendendo cachimbos para fumar crack na extremidade oposta onde o trator realizava o trabalho.
SOCIAL
A operação ocorreu pela manhã. Na chegada da equipe para o início dos trabalhos, cerca de 20 pessoas estavam no local, nos barracos ou parte externa. Durante a tarde e a noite, o número de usuários costuma chegar a 30, de acordo com relatos da população. A eles, o Ceprosom ofereceu o atendimento do Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Contra Ácool e Drogas) e a internação no Recanto da Paz – clínica de apoio a usuários de drogas conveniada com a prefeitura. Nenhum aceitou.
Para os que não possuem residência, foi oferecido abrigo na Casa de Convivência, que acolhe moradores de rua. Novamente, ninguém aceitou.
O drama atinge extremos. Enquanto o JL permaneceu no local, duas moças grávidas passavam pela área, ávidas por mais uma pedra de crack. Uma delas no sétimo mês de gestação. Recusaram-se a ser entrevistadas. Um homem, que também se recusou a fornecer dados pessoais ou entrevista, confirmou que estava morando em um dos barracos derrubados. Ele prometeu que ergueria outro, logo após a saída da equipe da prefeitura.
COMUNIDADE
O presidente da Associação de Moradores do bairro Belinha Ometto, Paulo Barbosa, cobrou a repetição mais frequente da operação. “Faz seis meses da última. É muito tempo. Precisamos de maior atenção”, comentou. O secretário do Meio Ambiente, Domingos Furgione Filho, lembrou que Limeira, hoje, possui outras seis áreas com perfil parecido ao do Belinha Ometto e que este tipo de operação envolve planejamento.
“Exige articulação de órgãos e recursos, além da meticulosa abordagem social destas pessoas. Esperamos fazer mais este ano”, afirmou. Ao seu lado, passava a dona de casa M.J.M., moradora do Belinha Ometto há 13 anos. Na semana passada, ela foi obrigada a fazer um lanche para um usuário de crack, que ameaçou agredi-la na porta de casa. “Passo todo santo dia por este terreno e rezo a Deus para que nenhum deles me agrida. Com a droga na cabeça, sabe-se lá o que podem fazer”, finalizou.
Fonte: Jornal de Limeira