Taxistas de Limeira criam sistema de ‘triagem’
segunda-feira, 1 de agosto de 2011Taxistas em guia de Limeira convivem diariamente com o medo da violência a que os profissionais estão submetidos. Recentemente, um taxista reagiu a um roubo e com isso veio à tona casos de assaltos a taxistas praticados pela mesma dupla de criminosos.
O pior momento é a noite. A partir do entardecer, taxistas já se colocam em alerta. Alguns até mesmo deixaram de trabalhar nesse horário, como é o caso de Guiman dos Santos, 71. Há 20 anos ele é taxista e ao longo de sua carreira sofreu três assaltos. “Hoje trabalho só das 6h às 18h. Não levaram a minha vida, nem meu carro, não adianta insistir”, disse.
Ele relata que após as 18h é muito mais frequente os roubos. “Assalto não tem dia, nem tem hora, mas se ficar sozinho aqui à noite, o que faço se alguém me abordar? Tem que ficar alerta.”
TRIAGEM
Com a intenção de se defender, os profissionais seguem algumas regras de conduta e fazem uma espécie de triagem com as pessoas que pedem o serviço. “Se percebo que a pessoa está mal-intencionada, digo que não posso atender naquele momento”, afirmou Santos.
João Aristides Couto, 50, há nove anos taxista, também tem uma maneira de atender no período. “O problema é à noite. Depois das 18h muda totalmente a forma de trabalhar, não deixo a pessoa já chegar entrando no carro. Faço muitas perguntas, como forma de ver se ela tem segurança a respeito do que está dizendo ou se em algum momento se contradiz”, relatou.
Outro fator observado por ele é de não permitir que o passageiro vá no banco de trás, ou no caso de ser duas pessoas, homem e mulher, pede que o homem vá na frente. Couto também é cauteloso com ligações. “Quando a pessoa liga, faço várias perguntas. Tem cliente que fica bravo, mas é a maneira que temos de nos prevenir. Esperamos que as pessoas compreendam”, observou. Ele lamenta que a profissão é alvo desse tipo de crime. “Sempre foi assim, somos alvo fácil”, comentou.
CUIDADOS
Cautela e fé é o lema do taxista Valdir Castelão, 50. Ele segue as mesmas “regras” dos colegas de trabalho. “Todos os dias cedo agradeço a Deus pelo dia e peço para tirar o mal do meu caminho, mas faço a minha parte, tenho cuidados”, disse.
Castelão afirma que trabalha sempre apreensivo e “de olho” no que acontece à sua volta. “Fazemos uma triagem. No começo da noite, por exemplo, observamos se alguém está com comportamento estranho. Já sabemos quando a pessoa está mal-intencionada”, explicou.
Ele também evita que o cliente sente no banco de trás. “E a noite o risco é maior, não pego a pessoa na rua, por exemplo, só se estiver em algum lugar e me comprovar para onde está indo”, relatou. O taxista admite que às vezes é preciso ter perdas, para se manter seguro. “Tenho precaução, nem sempre dá para ganhar, algumas vezes é preciso recusar, mas fé em Deus e ‘pé na tábua’, mas sem abusar.”
Fonte: Jornal de Limeira